É experimentar as dores e delícias do outro. A cada vez que essa mágica acontece tudo muda pra sempre em mim. Ser atriz é a possibilidade de poder habitar infinitos universos.
Atuar é transformar linhas em carne, osso e alma.
É experimentar as dores e delícias do outro. A cada vez que essa mágica acontece tudo muda pra sempre em mim. Ser atriz é a possibilidade de poder habitar infinitos universos.
Tudo começou quando eu era um pingo de gente, de acordo com minha mãe.
Claudinha é dramática desde pequena. Ela não podia ver um púlpito que já fazia discurso.
Pois é, eu sempre tive esse lado aflorado. Clichê de tantos artistas. Fosse pra pendurar uma melancia no pescoço, pra chorar até soluçar por uma garoto qualquer, pra fingir cenas em locais públicos só pra envergonhar as pessoas, pra imitar uma lagartixa nas paredes das festas ou pra contar pelos botecos da cidade, como Cassimira, minha primeira personagem, tinha sido apresentada ao “sezoral” e perdido a virgindade.
Era dessas, como diz uma amiga, que apresentava os trabalhos da escola, adorava falar em público, amava fantasias, criava personagens, escrevia textos e poesias, inventava paixões para dramatizar a vida, etc, etc, etc...
Maaaaas, aos 18 anos, recém apresentada ao que seria o modelo de vida adulta, escolhi:
Direito, mãe! Eu vou fazer direito.
Sempre amei filme de tribunal. Quero fazer aquelas oratórias espetaculosas e convencer as pessoas. Quero entrevistar o júri para ver que tipo de pessoas são, quero defender causas imensas… Serei uma promotora de sucesso.
O que eu não sabia era que a vida de advogada não tinha nada a ver com o que assistia no cinema.
Aquela não era a profissão pra mim, mas mesmo assim, como quem tentava aceitar a suposta inevitabilidade da vida adulta, segui no curso até os 45 do segundo tempo, quando apareceu um convite para participar de um programa de tv.
Seria o destino batendo na minha porta? Não sei, mas veio a calhar. E foi assim, meio que de repente, que fui apresentada a um novo modo de existência na Terra. Eu sabia que ele existia, mas não tinha realmente parado pra olhar. O que se mostrava como a tábua de salvação para mim, foi considerado, por muitos, a grande perdição da minha vida.
Já diziam os sábios: errado não estavam, né? De jeito nenhum. Eu queria mesmo perder. Eu queria me perder muito. Queria chutar o pau da barraca. Queria fazer o que ninguém quer que você faça. Queria ser atriz. O ponto fora da curva, as muitas vidas em uma, o despudor, a fantasia. Era isso, só podia ser isso o que eu queria ser quando crescesse. E eu estava há anos no lugar errado, fazendo direito errado, planejando um futuro que não era o meu. Por isso andava tão infeliz.
Bom, resumindo a história, pouco tempo depois do tal programa, abandonei a faculdade, o estágio promissor como assistente de juiz na 22 Vara Cível do Fórum de Belo Horizonte, voltei a fazer bicos de modelo, deixei um monte de gente de cabelo em pé, “ela não quer crescer, só pode”, e me inscrevi em um curso amador de teatro.
Tudo começou quando eu era um pingo de gente, de acordo com minha mãe.
Claudinha é dramática desde pequena. Ela não podia ver um púlpito que já fazia discurso.
Pois é, eu sempre tive esse lado aflorado. Clichê de tantos artistas. Fosse pra pendurar uma melancia no pescoço, pra chorar até soluçar por uma garoto qualquer, pra fingir cenas em locais públicos só pra envergonhar as pessoas, pra imitar uma lagartixa nas paredes das festas ou pra contar pelos botecos da cidade, como Cassimira, minha primeira personagem, tinha sido apresentada ao “sezoral” e perdido a virgindade.
Era dessas, como diz uma amiga, que apresentava os trabalhos da escola, adorava falar em público, amava fantasias, criava personagens, escrevia textos e poesias, inventava paixões para dramatizar a vida, etc, etc, etc...
Maaaaas, aos 18 anos, recém apresentada ao que seria o modelo de vida adulta, escolhi:
Direito, mãe! Eu vou fazer direito.
Sempre amei filme de tribunal. Quero fazer aquelas oratórias espetaculosas e convencer as pessoas. Quero entrevistar o júri para ver que tipo de pessoas são, quero defender causas imensas… Serei uma promotora de sucesso.
O que eu não sabia era que a vida de advogada não tinha nada a ver com o que assistia no cinema.
Aquela não era a profissão pra mim, mas mesmo assim, como quem tentava aceitar a suposta inevitabilidade da vida adulta, segui no curso até os 45 do segundo tempo, quando apareceu um convite para participar de um programa de tv.
Atriz Claudia Campolina
Atriz Claudia Campolina
Atriz Claudia Campolina
Seria o destino batendo na minha porta? Não sei, mas veio a calhar. E foi assim, meio que de repente, que fui apresentada a um novo modo de existência na Terra. Eu sabia que ele existia, mas não tinha realmente parado pra olhar. O que se mostrava como a tábua de salvação para mim, foi considerado, por muitos, a grande perdição da minha vida.
Já diziam os sábios: errado não estavam, né? De jeito nenhum. Eu queria mesmo perder. Eu queria me perder muito. Queria chutar o pau da barraca. Queria fazer o que ninguém quer que você faça. Queria ser atriz. O ponto fora da curva, as muitas vidas em uma, o despudor, a fantasia. Era isso, só podia ser isso o que eu queria ser quando crescesse. E eu estava há anos no lugar errado, fazendo direito errado, planejando um futuro que não era o meu. Por isso andava tão infeliz.
Bom, resumindo a história, pouco tempo depois do tal programa, abandonei a faculdade, o estágio promissor como assistente de juiz na 22 Vara Cível do Fórum de Belo Horizonte, voltei a fazer bicos de modelo, deixei um monte de gente de cabelo em pé, “ela não quer crescer, só pode”, e me inscrevi em um curso amador de teatro.